18.8.10

Águas



Construir uma programação tendo como pretexto a Água é, normalmente, receita para asneira ou para algo muito pouco interessante. É daquelas palavras que significam muito, logo, pretexto para todas as liberdades, para tudo e para nada. Ora, o que a Haus der Kulturen der Welt tem feito nos últimos 2 Verões é isso mesmo, construir um programa a partir da Água. Nos primeiros anos concentraram-se nos mares do sul e das Caraíbas e este ano percorrem os grandes rios, o Danúbio, o Amazonas e o Nilo. As propostas não se reduzem a concertos - Omar Souleyman (que tocou lá na passada sexta feira; aonde é que eu já vi este senhor??), Geoffrey Oryema ou Sebastião Tapajós são alguns dos convidados -, mas prevêem também um ciclo de cinema, de conferências ou ainda uma rádio. É um excelente exemplo de uma programação inteligente partindo de uma premissa muito básica, compreensível pela maior parte dos públicos e enquadrando-se na na missão da organização serenamente.

Vale a pena, por isso, comparar esta simples abordagem ao ziguezagueante Festival dos Oceanos que, tendo a água igualmente como ponto de partida, nos oferece algo de difícil compreensão. Começando pela bóia que aqueceu o Camões nas últimas semanas, em pleno Chiado, e terminando numa comunicação feita à última da hora e equívoca. E é pena, já que o Festival dos Oceanos, o original, tinha deixado saudades, pela competência da programação. E é pena também que se sobreponha às Festas da Cidade e à programação entusiasmante e abrangente que a EGEAC nos anda a oferecer desde a passada quinta feira com as propostas do "Lisboa na Rua".

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