22.3.10
Grateful Dead
É discutível a oportunidade de colocar o divórcio do Paul McCartney na capa da imprensa diária, como aconteceu há alguns anos. Não me refiro aos tablóides, mas aos jornais "sérios". Neste caso, tratava-se mais do que mera coscuvelhice. O senhor é um ícon e a elevação deste evento na sua vida à primeira página da imprensa é revelador do peso da cultura popular de um país (no sentido de pop culture, não folclore ou etno ciências) e ajuda a perceber um conjunto de coisas sobre o seu povo ou sobre as suas organizações. E é pena que não se dê mais importância à cultura popular na produção académica e científica, ou que esta seja objecto frequente de análise política, económica ou até satírica. Isto a propósito da influência da carreira dos Grateful Dead no mundo dos negócios e da gestão, e não só. Este artigo demonstra as capacidades de uma banda (com uma legião de fans doentes e doentios, principalmente nos Estados Unidos) na estruturação da sua estratégia de negócio, numa altura em que os principais teóricos do customer value ainda andavam a testar os primeiros passos, incluindo uma estrutura de governance próxima de uma normal empresa (incluindo CEO rotativo e conselho de administração), a criação de redes sociais entre os seus fans, entre várias outras inovações. Estamos a falar dos anos 60 e 70, e o seu propósito incansável de fazerem digressões quase de forma ininterrupta e, de uma certa forma, o menor ênfase colocado na produção de discos, é quase visionária numa altura em que a indústria musical sobrevive fundamentalmente de concertos.
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